segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Por que bodega teológica?

Por que bodega teológica? Nasci em Arapiraca, interior de Alagoas, meu pai era agricultor, plantava fumo, no final dos anos 70 deixou o catolicismo e 'virou' um batista protestante, mas continuou plantando o fumo, apesar de algumas críticas da ortodoxia protestante...rsrs! tive uma infância inteira na roça e é aqui onde aparece a bodega. Quem morou na roça, conhece bem o sentido da bodega, é um lugar no mínimo atraente. Claro que meu pai, principalmente depois de crente, não gostava que andássemos na bodega, lá haviam, jogos, gente tomando cachaça, piadas, era um lugar profano, apesar de tudo, achava a bodega uma espaço muito legal, representava o novo, o diferente, alí se encontravam figuras possíveis e inimagináveis, se ouviam 'causos' engraçados, se encontravam 'os grandes amigos' para as tantas goladas de cachaça e altas revelações de eterna amizade, além de que, também aí se revelavam os segredos mais surpreendentes, afinal, como afirmaram os filósofos, são das bebidas que saem as verdades: o marido que foi traído, a nova mocinha que se 'perdeu', os brabões mais recentes da comunidade, as fofocas quentes do dia, enfim, tudo passava pela bodega, algo meio que um tanto parecido com o que acontece com o pensar teológico, um espaço de abertura para o novo e o diferente, algo totalmente semelhante a Jesus Cristo, lugar do encontro entre o sagrado e o profano, entre o permanente e o inusitado, mas que no final dos contas, é o lugar onde quem manda mesmo é a voz do excluído, que aparece, conta causos, ri, chora e ensina, sugiro que aqui e acolá dêem uma passadinha pela bodega, provavelmente você vai se surpreender com o que vai encontrar por lá!